Taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic ajuda a controlar a inflação. Veja como seu aumento afeta a rotina dos brasileiros.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) cumpriu o prometido depois de seis semanas: no dia 16 de junho, aumentou em 0,75 ponto a meta para taxa Selic ao ano, que agora é de 4,25%. Desde março, é a terceira vez que há um reajuste de 0,75 ponto porcentual neste ciclo de alta. Mas o que isso significa para o financiamento de imóveis, os empréstimos pessoais e o cheque especial?
Para a próxima reunião, a meta se repete: 0,75 ponto de reajuste, no mínimo. Essa é a forma com que o Copom trabalha para a “continuação do processo de normalização monetária”, segundo palavras da própria instituição. Mas se o cenário da inflação piorar, o aumento poderá ser maior. Entenda mais sobre o que é a taxa Selic e como ela afeta a rotina brasileira:
Selic
O Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) é a taxa básica de juros da economia brasileira. A cada 45 dias, em média, ela vira notícia: é quando o Copom se reúne para decidir se o valor vai aumentar, diminuir ou se manter estável.
Criada em 1979, a taxa Selic foi criada com o objetivo de controlar a inflação — que, na época, era imensa. Qualquer alteração que o governo fizer nela, fará com que a inflação aumente ou diminua. No dia-a-dia, o consumidor pode sentir a taxa Selic de diferentes maneiras.
Preços
Quando a Selic aumenta, a inflação é controlada. Consequentemente, os preços tendem a cair. Já quando a Selic diminui, os preços voltam a subir.
Bancos
Já os bancos trabalham em direção contrária à do mercado: quando a Selic diminui, eles tendem a baixar os juros do crédito, do financiamento e do cheque especial. Mas quando ela aumenta, os juros voltam a subir.
Taxa Selic e inflação em 2021
Para 2021, a inflação prevista pelo mercado é de 5,82% — maior que a de 2020, que fechou em 4,52%, a maior desde 2016 (6,29%). Porém, o Copom não pretende deixar que ela chegue a esse ponto: a previsão é de 3,75%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve oscilar entre 2,25% e 5,25%.
O IPCA é o índice oficial utilizado pelo governo federal para medir a inflação em produtos e serviços utilizados pelas famílias brasileiras. A chegada da taxa Selic em 5,5%, no entanto, não fará com que ela pare de subir. O BC projeta crescimento até 6,5% ao ano, que seria um degrau “neutro” — ela não ajudaria e tampouco seria capaz de conter o avanço da atividade econômica.
Reajustes
O avanço nos reajustes é também uma retirada dos estímulos da atividade econômica exercidos pelo BC após, em 2020, o Becom ter reduzido a Selic à mínima histórica de 2% ao ano. Foi uma forma de recuperar a economia abalada pela crise sanitária.
Outro motivo por trás desses reajustes é o avanço constante da projeção da inflação, já acima da meta. Quando o Copom aumenta a taxa Selic, ajuda a controlar a inflação. Por fim, há também as revisões positivas para o Produto Interno Bruto e a prorrogação do auxílio emergencial, que é um dos motivos por trás da pressão inflacionária exercida pelos setores alimentício e de construção civil.
O maior desafio do BC será controlar a taxa de juros em setores que não domina, como o petróleo, as commodities e a conta de energia.