Apesar de a alta do faturamento registrado em 2020, em relação à edição anterior, os números da Semana Brasil ficaram abaixo das expectativas de comerciantes e especialistas.
Administrar uma empresa no Brasil não é uma tarefa fácil, mesmo contando com suporte jurídico e suporte contábil, são muitas as burocracias, mesmo uma empresa individual precisa ter um bom suporte contábil e uma ótima assessoria jurídica.
No meio de tantas burocracias, muitos empresários vivem um turbilhão de atividades e obrigações, vivem no limite e basta uma pequena crise para desestabilizar o sistema.
De acordo com uma pesquisa divulgada no início de setembro, pelo Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 40% das empresas brasileiras ainda sentem impactos da crise sanitária, principalmente, as de pequeno e médio porte dos setores da construção civil e do comércio.
Um terço delas deixou de pagar impostos, e apenas 10% conseguiu algum suporte do governo federal.
Nesse contexto, a Semana Brasil foi anunciada. Criada em 2019, ela funciona aos moldes da Black Friday, com o intuito de aquecer a economia. Neste ano, os impactos dela foram ainda mais notáveis em função das dificuldades sofridas pela economia brasileira.
Ocorrida entre 4 e 13 de setembro, a Semana Brasil de 2020 foi marcada por mais descontos, o que atraiu consumidores em todo o país. O saldo final apontou que esta edição vendeu 25% mais do que no ano passado — somente o comércio virtual alcançou um faturamento de R$ 2,3 bilhões, enquanto o da edição anterior foi de R$ 1.86 bilhão.
Números finais da Semana
Além do aumento do e-commerce, como já era esperado por especialistas, a Semana Brasil mostrou as diferentes dinâmicas econômicas em cada região do país.
O Nordeste apresentou maior aumento das vendas (82% em relação ao ano de 2019), sendo responsável por 20% do total das transações feitas este ano, mesma porcentagem alcançada pelo Sul.
O Sudeste continua sendo a região que lidera as compras totais (50%), enquanto o Centro-Oeste e o Norte correspondem a 7% e 3% das vendas, respectivamente.
Os dados da Semana Brasil também destacaram que o crescimento do comércio virtual ocorreu, principalmente, a partir de celulares ou tablets, que foram os aparelhos utilizados em 57% das vendas on-line. Neste ano, a categoria alcançou 5 milhões de vendas, o que corresponde a uma alta de 12% em relação à edição de 2019.
Faturamento em setores diferentes
Outro aspecto relevante a ser considerado nas análises é verificar como foram as vendas na edição de 2020 em diferentes setores. Segmentos como bares e restaurantes, turismo e transporte não conseguiram interromper a queda no faturamento, mas apenas a reduziram.
Um cenário diferente foi visto no setor de móveis e eletrodomésticos, que conseguiu reverter a queda de vendas registradas nos últimos seis meses e terminou a Semana Brasil com uma alta de 7% em seu faturamento.
Ressalvas sobre os números
Apesar de o crescimento, especialistas e consultorias apontam que os números da Semana Brasil de 2020 ficaram abaixo do que era esperado. Uma das razões primordiais para isso foi o aumento do desemprego, o que limitou o poder de compra da maioria da população.
Além disso, outro fator apontado para explicar esse quadro é que o e-commerce já havia crescido nos últimos meses, o que pode ter tornado a Semana Brasil menos chamativa. Somente no primeiro semestre de 2020, o varejo on-line vendeu 47% mais do que o mesmo período do ano anterior.
Especialistas levantam questionamentos sobre a eficácia de inúmeras semanas promocionais no país. Para eles, quando realizadas em grande quantidade, elas podem acabar provocando um efeito inverso, pois o consumidor, nem sempre, conseguirá comprar em todas elas e pode ficar mais seletivo sobre qual promoção aderir.
Profissionais afirmam que os números e as tendências vistas na Semana Brasil são importantes para tentar antecipar o que acontecerá na Black Friday 2020 brasileira. Além de oferecer boas ofertas, neste ano, as lojas deverão ter a infraestrutura necessária para receber clientes, como disponibilidade de álcool em gel e limitação do número de pessoas no interior dos estabelecimentos, a fim de atrair consumidores.